Com os olhos fechados, centrado em si mesmo, absorvido pelos próprios pensamentos e sobrecarregado do eu, o Enforcado busca a cura espiritual através do sacrifício pessoal voluntário.
Possuidor de um grande autocontrole é capaz de mergulhar no seu interior para romper com velhos padrões, tendo como objetivo estabelecer planos e metas capazes de incorporar valores mais elevados a sua filosofia de vida.
Quando aparece num jogo, declara que é chegado o momento do indivíduo parar de buscar no mundo exterior as soluções e as razões para seus sofrimentos, cabendo a ele procurar em si mesmo as causas dos acontecimentos, deixando a posição de vítima e passando a considerar que os efeitos fazem parte de um contexto gerado pelo caminho trilhado a partir das próprias escolhas.
Para Banzhaf (1997), o Pendurado revela uma “situação de impasse diante da morte.” Quando uma pessoa se sente presa, impossibilitada de agir ou de fazer mudanças em sua vida, provavelmente ela se encontra na essência deste arcano. Se não há aceitação da morte de alguma situação, não existe libertação. Por esse motivo, esta carta simboliza a grande crise existencial. Diante de tanta dificuldade, a meditação pode ajudar a melhorar a percepção do eu interior e o desenvolvimento espiritual.
Adverte também para os perigos da ilusão. A espera de um reconhecimento relacionado ao plano emocional e material pode nunca acontecer de fato, não havendo valorização pelo tempo despendido ou pelo sacrifício pessoal. Existe também a possibilidade do indivíduo viver num mundo de fantasias, tornando-se um eterno sonhador acreditando que o seu ideal utópico realizar-se-á cedo ou tarde. Apesar desta carta sugerir mudança na maneira de encarar a vida, ainda passa a sensação de que existem pessoas que não têm o menor interesse em alterar seu ponto de vista. Nesse caso, a insistência em não enxergar, o que muitas vezes é óbvio, causa um enorme sofrimento, trazendo desanimo e fazendo com que a pessoa perca a vontade de lutar e continuar sua jornada, vindo, quem sabe, a sofrer de depressão devido o excesso de angústia. Paciência e persistência são duas palavras de peso na essência desta lâmina, pois o sacrifício significa o processo final de uma situação e que inevitavelmente o indivíduo terá que retornar, ele pode ter se equivocado em sua análise, sendo importante reverter a forma como visualizou ou pensou sobre o assunto. A situação pode ter ficado parada porque ele esqueceu algo ou não foi atento o suficiente para avaliar a possibilidade de haver crises no futuro.
Considerações:
“Princípio da rendição, ruptura com velhos paradigmas.” (Arrien, 1987)
“O mero ato de perceber sua realidade claramente torna possível à transformação.” (Ziegler, 1993)
“O pior cego é aquele que não quer ver. [...] Obsessão, preguiça, falta de amor próprio, dependência inexorável, anulação da vontade. [...] Luta por um ideal que acredita.” (Naiff, 2001).