A sensação doce ou não de união mãe-filho, guardada na memória da criança, será resgatada na vida adulta, de forma inconsciente, no momento em que a pessoa se apaixonar. Se a experiência do contato físico e emocional com a mãe tiver sido boa, as relações com o mundo serão mais tranquilas, seguras e controladas, contudo o mesmo não ocorrerá em caso da relação mãe/filho tiver sido complexa, fria, embaraçosa e pouco afetuosa.
As pessoas que integram o ambiente familiar transmitem aos filhos a visão deles sobre o mundo. Essa visão de mundo absorvida passa a fazer parte da personalidade dos filhos, como também as experiências emocionais ocorridas no meio educacional institucionalizado.
Se o conhecimento absorvido pelos sentidos for complexo e frustrante, se criaram obstáculos e deixaram vazios emocionais, a criança iniciará um processo de desvalorização do ego. Insegura, crescerá sentindo-se fraca, desamparada, impotente, sem dignidade, incapaz de conseguir ter apoio daqueles que ama, ou seja, ela poderá se sentir deficiente na sua personalidade e indigna de receber/dar amor.
A perda de contato com a própria essência faz a criança construir um muro emocional grande e doloroso demais. Ao perde a confiança no ambiente e em si mesmo, o indivíduo passa a sofrer de ansiedade, tendo medo de não ser capaz de enfrentar as dificuldades da vida, inclusive pode ter dificuldades de assumir responsabilidades e assumir a postura de sempre culpar os outros por seus erros.
A face oferecida pelas pessoas ao mundo é a manifestação mais externa da imagem interior, formada da percepção do que os pais, professores e amigos transmitiram e transmitem ao longo da vida sobre elas. É muito comum, encontrar nos amigos mais íntimos e namorados comportamentos e hábitos daqueles que participaram da nossa criação, pois as escolhas partem da percepção do eu interior.
Conforme Almaas, “a consciência da criança – sua alma – interioriza o ambiente no qual está crescendo e depois projeta no mundo esse ambiente.” (1) Por este motivo, se as experiências de relacionamento vividas na infância, adolescência não foram satisfatórias, doloridas, cheia de obstáculos e vazios emocionais, necessário se faz, à luz da própria identificação com a personalidade, começar a compreender o quanto se pode estar aprisionados na imagem que se forma de si mesmo. Mergulhar no mundo interior pode ser a saída para aproximar a pessoa da sua essência. É uma forma de tentar parar de envolver-se com situações que são repetidas de maneira incansável e têm um gosto diabólico capaz de devorar a alma.
(1) (Almaas, A.H., Essence: The Diamond Aprroach to Inner Realization. Me.:Samuel Wiser, 1986, p. 97)